O projeto artístico consiste em trabalhar com fotografias vernaculares garimpadas na rua de Campinas com o auxilio de catadores de lixo. O ACHO – Arquivo Coleções de Historias Ordinárias é uma iniciativa idealizada por artistas e pesquisadores com a intenção de acolher fotografias descartadas e criar um arquivo aberto a pesquisas e produções artísticas [achoimagens.org].
Neste trabalho a partir do imaginário fantástico, iniciei uma série de intervenções em fotografias de retratos para criar um universo com personagens inventados. O retrato que foi feito para auxiliar a memória foi abandonado e com o passar do tempo desvinculado de suas raízes afetivas. A identidade aqui não é revelada, mas ela é recriada em personagens fictícios. A intervenção no rosto foi feita através da colagem de objetos orgânicos: pedras, galhos, conchas ou borboletas, que simbolizam a reencarnação, o espírito livre, a imortalidade, a viagem da alma. Os personagens incorporam a forma, a textura e a cor, criando um elo de pertencimento entre eles. Se entrelaçam numa rede de sentidos onde operam, simultaneamente, no vão intento de restaurar a narrativa familiar e reconfigurar a identidade extraviada.
A memória fotográfica alterada na frente inevitavelmente deixa vestígios de emóriaa para trás.. Neste trabalho questiono retratos tradicionais e o que isso nos revela. Assim Aquilo que eu deixei de ser tem um duplo sentido, aquilo que nunca aparentou ser e no fundo era, aquilo que mostrava ser e no fundo não era.
Texto por:
Estefania Gavina