PAISAGENS, 2023
Estamos por demais habituados a chamar de paisagens tudo aquilo que se põem no horizonte. Como nos quadros e na perspectiva geométrica, a noção de paisagem adquire o aspecto daquilo que se põem à distância e fora do alcance assim como da possibilidade de intervenção imediata de nossas mãos. As paisagens de Estefania Gavina são, ao contrário, paisagens chãs. Construídas a partir da recolha de miudezas, são alçadas ao nosso campo de visão colocando em evidência os rastros humanos e não humanos deixados pelo caminho como pegadas de nossas vidas. Paisagens é um convite a deter-se nos gestos minimos que compõem o viver em suas dimensões mais prosaicas, evocando a necessidade de nos pensarmos como perpétuos participantes da construção dos lugares que habitamos junto de outros seres, mesmo quando parecemos ter nos esquecido disso.
Rodrigo F. Baroni
[Mestre em Ciencias Sociais Unifesp]